Ações atuais são capazes de transformar o futuro. A responsabilidade socioambiental aliada ao uso racional, principalmente da água, é o caminho para alcançar o equilíbrio do planeta Terra. População, usuários de água e poder público são os segmentos representativos que compõem os Comitês de Bacias Hidrográficas. Nos últimos anos, as boas práticas na gestão de recursos hídricos crescem gradativamente.
Incentivar e acompanhar o desenvolvimento de ações executadas por organizações membros de diferentes segmentos é um dos trabalhos do Comitê da Bacia do Rio Urussanga, no Sul de Santa Catarina. Como população da bacia, uma universidade desenvolve diversas ações que vão desde estudos a mudanças no campus, enquanto órgão de administração estadual contribui para a proteção dos afluentes. Já no grupo usuários de água, o setor de mineração realiza o tratamento de água proveniente do processo produtivo.
ESTUDOS, PESQUISAS E EDUCAÇÃO AMBIENTAL
A Universidade do Extremo Sul Catarinense (Unesc), em Criciúma, estimula ações e projetos na bacia do rio Urussanga. O Grupo de Pesquisa Gestão de Recursos Hídricos Restauração de Ambientes Alterados, do Programa de Pós-Graduação em Ciências Ambientais (PPGCA), desenvolveu diversos estudos no período de 2009 a 2018.
Diagnóstico socioambiental de áreas degradadas pela mineração de carvão para a construção de instrumentos de gestão pública ambiental, diagnóstico ambiental do ecossistema aquático, tratamento da drenagem ácida de mina, biogeoquímica aplicada para a recuperação ambiental de ambientes estuarinos e costeiros, são alguns exemplos.
Além disso, pesquisas são realizadas na bacia do rio Urussanga nos trabalhos de graduação de diversos cursos da UNESC com a temática gestão de recursos hídricos e planejamento e gestão territorial. O Laboratório de Geociências e de Gestão de Recursos Hídricos (LabGeoRH), vinculado ao curso de Geografia, participa da execução de cursos de capacitação em educação ambiental voltados a educadores, gestores ambientais, usuários de águas e comunidade da bacia do rio Urussanga.
No âmbito da Instituição, colaboradores, fornecedores e parceiros também contribuem por meio de atividades voltadas para a sustentabilidade do Campus. Alguns espaços possuem reservatório de captação de água da chuva. No Iparque, por exemplo, a capacidade é de até 200 mil litros. De acordo com a UNESC, a inovação e a busca por soluções sustentáveis são essenciais para minorar o consumo e implementar novas formas de utilizar novos produtos. Por isso, a Universidade passou a utilizar equipamentos em sanitários com capacidade de economia de água em até 85%. Torneiras temporizadas incentivam o uso consciente de água e garantem uma economia de 70 a 85%.
A UNESC também é signatária do Movimento Nacional ODS Santa Catarina composto por pessoas e organizações voluntárias que desejam contribuir com a construção de um mundo mais pacífico, justo e sustentável. A missão do grupo está vinculada aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) com a intenção de facilitar a inserção no cotidiano e na prática a fim de cumprir com os compromissos da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável, que foi aprovada pelos países membros da ONU em 2015 e consiste em 17 ODS e 169 metas.
TRATAMENTO E REUSO NA EXTRAÇÃO DE MINERAÇÃO
Criado em 1989, o Sindicato da Indústria de Extração de Carvão do Estado de Santa Catarina (SIECESC) possui seis empresas associadas e é uma entidade representativa que integra o Comitê da Bacia do Rio Urussanga. O meio ambiente é uma das linhas de atuação do Sindicato. O passivo da extração de carvão de décadas passadas está sendo recuperado. A medida é resultado de uma Ação Civil Pública iniciada em 1993 com abrangência regional nas bacias hidrográficas dos rios Araranguá, Urussanga e Tubarão.
No total, são mais de 5 mil hectares, além de bocas de minas. Deste montante, determinados casos já possuem projetos de recuperação implantados, em execução e efetivados. Os debates e acompanhamento do processo são feitos por um Grupo Técnico de Assessoramento (GTA), que inclui os Comitês de Bacias. O SIECESC também acompanha estudos e monitoramentos de boas práticas ligadas à água feitas pelas indústrias do setor.
Uma das empresas que desenvolve atividades relacionadas a boas práticas na gestão dos recursos hídricos é a Rio Deserto. Os efluentes provenientes da mineração são tratados por meio de processos físico-químicos nas próprias unidades de extração. A água tratada é reutilizada em equipamentos de subsolo, limpeza e banheiros. O excedente também é reaproveitado na indústria local e na agricultura, atendendo às exigências da legislação ambiental. A empresa ainda realiza levantamento de dados e monitoramentos ambientais na Unidade de Extração Mina 101, localizada no município de Içara (SC), no processo de extração de carvão mineral.
TRABALHO PARA PROTEGER AFLUENTES E PLANTAS
Vinculada ao Poder Público, a Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola de Santa Catarina (Cidasc) atua na Defesa Sanitária Vegetal e Animal. Uma das atribuições é realizar a fiscalização do uso de agrotóxicos, buscando minimizar seus impactos. Uma das atividades rotineiras da equipe técnica é aplicar medidas que busquem coibir o uso destes produtos sem que sejam seguidas as recomendações técnicas, evitando assim a contaminação dos afluentes que compõem a bacia do rio Urussanga.
"Todas as plantas necessitam de água para se desenvolver, porém algumas são mais tolerantes e outras mais suscetíveis a situações de estresse hídrico. Na região, uma das importantes atividades agrícolas é a produção de arroz irrigado, que depende completamente da água para o plantio. De acordo com a Cidasc, as estiagens prolongadas e cada vez mais frequentes afetam de maneira geral a produtividade de todas as culturas", explica o responsável pela área de agricultura do departamento regional de Criciúma da CIDASC, engenheiro agrônomo Daniel Remor Moritz.
Por isso, muitos produtores decidiram construir reservatórios de água e sistemas de irrigação. Para minimizar os efeitos da estiagem, fenômeno recorrente em Santa Catarina, a Secretaria de Agricultura do Estado disponibiliza linhas de apoio à construção de cisternas, sistemas de abastecimento e irrigação. O engenheiro agrônomo da CIDASC ressalta que a água utilizada na irrigação e na lavação de produtos hortifrutigranjeiros deve ser potável, não possuindo contaminantes químicos ou biológicos a fim de evitar que contaminantes químicos possam ser absorvidos pela planta.
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